Política
Das cadeiras das salas de aula da UnB aos gabinetes parlamentares
Entre nomes já conhecidos da política local e estreantes, ex-estudantes da Universidade de Brasília tiveram sucesso nas urnas

Nas eleições de 2018, o número de candidatos que estuda ou estudou na tradicional Universidade de Brasília (UnB) foi grande. Havia nomes da política local já muito conhecidos do público e outros nem tanto.

Com os resultados oficiais das eleições divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), o Campus Online verificou que, em média, um em cada cinco eleitos para os cargos representativos do Poder Legislativo é ex-aluno da UnB.

Dos 8 deputados federais eleitos, dois são egressos da UnB: a deputada federal Érika Kokay (PT), formada em Psicologia na década de 1980, e o atual deputado distrital Professor Israel (PV), formado em Ciência Politica. Kokay foi dirigente estudantil e chegou a ser banida da universidade durante o regime militar, tendo sido reintegrada via ação judicial após a ditadura. Já Israel Batista é conhecido pelas videoaulas de história veiculadas no Youtube. Os dois obtiveram quantidade expressiva de votos: Kokay foi reeleita para o cargo com 89.986 votos e o Professor Israel (PV) angariou 67.598 votos.

Na política local, das 24 cadeiras da CLDF, cinco serão ocupadas por deputados que foram alunos da UnB. Dos novatos, Fábio Félix (PSOL), cujo partido pela primeira vez consegue eleger um distrital, é bacharel em Serviço Social pela UnB (2009) e cursa o doutorado no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília IPOL/UnB (2017). Félix é defensor da causa LGBT e vice-presidente do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do Distrito Federal.

Outra estreante na CLDF formada pela UnB é Júlia Lucy (Novo). Servidora pública do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Júlia tem graduação em Ciência Política pela UnB e possui experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Pública. Júlia é CEO da #LigaDeles, uma plataforma que estimula o empreendedorismo e o protagonismo feminino.

Único representante da Câmara Legislativa eleito pela Rede, o professor e pesquisador Leandro Grass é bacharel em Sociologia e licenciado em Ciências Sociais pela UnB. Possui mestrado em Desenvolvimento Sustentável pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável - CDS/UnB, na linha de Educação para Gestão Ambiental e é doutorando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional (PPGDSCI/CEAM/UnB), na área de Gestão Pública para o Desenvolvimento.

Tendo ingressado na universidade em 2003, Grass se envolveu em vários projetos ao longo da graduação, como pesquisas e empresa júnior. “A UnB foi importante para minha trajetória. Eu quando optei pela sociologia já tinha como objetivo, não apenas ser professor, mas me envolver no campo da educação, podendo impactar e interferir”, conta ele.

Há também ex-alunos da universidade já bastante conhecidos do brasiliense. O Professor Reginaldo Veras (PDT) obteve diploma em Geografia pela UnB no final da década de 1990 e foi reeleito para o segundo mandato consecutivo. A médica Arlete Sampaio (PT), que foi vice-governadora e Secretária de Desenvolvimento Social do DF, cursou Medicina na UnB e venceu a terceira eleição a deputada distrital.

(Arte: Marina Julião)

Celeiro político

A presença de estudantes formados pela UnB na política tradicional não é fato novo, nem específico das eleições deste ano. Tanto é que um dos candidatos ao Governo do Distrital Federal é graduado em História pela UnB. Com passagem pela universidade na década de 1980, o atual governador e candidato à reeleição Rodrigo Rollemberg (PSB) disputa o segundo turno com Ibaneis Rocha (MDB).

Para Leandro Grass, a instituição é um celeiro de prática política. “A gente faz política na UnB o tempo todo, desde a organização do movimento estudantil até as empresas juniores, mas também no dia a dia. UnB é um espaço plural, espaço da diversidade, e essa convivência com pessoas tão distintas e visões de mundo diferentes, também foi muito importante para que eu entendesse o que é democracia, a importância do pluralismo na sociedade”, diz ele.

Texto por Eder Monteiro e Gustavo França