A transformação de códigos, letras e números em serviços que facilitem a vida das pessoas é uma das realizações de aplicativos produzidos na Universidade de Brasília (UnB). Python, JavaScript, HTML, CSS, pra muita gente, são só nomes difíceis. No entanto, para universitários que estudam programação, são formas e linguagens que podem ser utilizadas para melhorar o cotidiano de muita gente.

Estudantes de Engenharia de Computação e Engenharia de Software da UnB realizam projetos e disciplinas que estimulam o desenvolvimento de aplicativos, os famosos Apps. Só no campus da Faculdade do Gama (FGA), mais de 130 aplicativos foram desenvolvidos nos últimos quatro anos.

No FGA, há a predominância de cursos, laboratórios e empresas juniores de engenharia das áreas de aeroespacial, eletrônica, automotiva, biomédica, de energia, clínica e de software. Esta última, é a responsável pela maior produção de aplicativos da universidade. De acordo com a coordenadora do Laboratório Avançado de Produção, Pesquisa e Inovação em Software (LAPPIS), Carla Rocha, a universidade é o local onde o estudante pode unir a teoria e a prática, desenvolvendo novas habilidades. “Para desenvolver aplicativo, são necessárias uma infinidade de habilidades: linguagem de programação, teste de software, qualidade de software, trabalho em equipe, gestão de projeto, entre outras que são vistas, tanto na teoria quanto na prática, em disciplinas orientadas a projeto”, destaca.

Aplicativo desenvolvido por estudantes de engenharia de software em parceria com o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT). Busca facilitar a localização dos universitários nos campi. (Foto: Fernanda Vieira/Campus Online)

Segundo a professora, existem seis matérias obrigatórias e uma optativa do curso de Engenharia de Software que promovem a realização de aplicativos como trabalho final. No entanto, na FGA há dois laboratórios que objetivam o desenvolvimento de diferentes softwares: o LAPPIS e a Fábrica de Softwares. A professora ainda destaca que, por trabalharem com o software livre, deixando todos os Apps produzidos na universidade em uma plataforma aberta onde empresas e usuários podem acessar, há uma oportunidade para realização de networking e possível entrada no mercado de trabalho.

“Além de capacitar tecnicamente o aluno a desenvolver aplicativos, os projetos nas disciplinas servem como portfólio para o aluno. Pelo repositório, possíveis contratantes conseguem avaliar a qualidade técnica dos alunos, as tecnologias que eles utilizam e os projetos desenvolvidos. Temos vários depoimentos de alunos sobre contratações que foram abordados a partir dos projetos desenvolvidos nas disciplinas”, afirma.

Alguns estudantes da FGA também foram aceitos na iniciativa da Google, chamada Google Summer of Code. Esse programa oferece uma bolsa para alunos universitários trabalharem em softwares livres de grandes organizações, com mentores dessas organizações. “No ano passado foram selecionados 2 alunos da UnB para o Google Summer of Code. Já em 2019, foram selecionados 6 alunos da UnB, todos da FGA para participarem do programa”, afirma a professora Carla.

Os apps desenvolvidos no Campus Darcy Ribeiro

A FGA é referência em desenvolvimento de aplicativos, mas e o campus Darcy Ribeiro? Universitários de Engenharia da Computação não ficam para trás da produção dessas plataformas digitais. Recém-formado pela UnB, o engenheiro de computação, Iure Vieira Brandão, 22, foi um dos desenvolvedores do aplicativo UnB Alerta que tem como principal objetivo facilitar a comunicação entre a comunidade acadêmica e os vigilantes da universidade, visto na época do desenvolvimento, o problema da falta de segurança na UnB.

Para o profissional, o app, criado em 2017, foi essencial para sua formação e crescimento acadêmico. “O UnB Alerta, desenvolvido durante uma disciplina do curso, me proporcionou o aprendizado da parte prática na construção e desenvolvimento do projeto, além do entendimento de que segurança se faz em comunidade, se quisermos uma UnB mais segura, precisamos também fazer a nossa parte”.

O aplicativo que hoje tem mais de 1600 usuários atua por meio da utilização de mapas de calor, coleta de dados estatísticos de diferentes tipos de ocorrências e locais de maior incidência ajudando na tomada de decisão por parte dos vigilantes da UnB. Incorporado ao Centro de Informática (CPD) da universidade, que hoje cuida da manutenção dos códigos e do projeto em si, o aplicativo UnB Alerta está disponível para sistemas Android e o site pode ser sempre utilizado.

Interface do aplicativo UnB Alerta, produzido em 2017 por estudantes de engenharia da computação. (Foto: Fernanda Vieira/Campus Online)

Um outro aplicativo produzido para solucionar problemas, não só dos universitários, mas também da comunidade do Distrito Federal foi o Stillabunt. O aplicativo, que ficou na etapa de prototipagem, foi produzido em 2017 durante um hackathon, uma maratona de programação, organizado pela União Europeia. Os ganhadores da competição, que se basearam no problema da crise hídrica no DF e no racionamento da água, foram dois estudantes de Engenharia da Computação da UnB que produziram essa plataforma para monitoramento do consumo de água e descoberta de possíveis vazamentos.

O prêmio foi uma viagem para o maior evento de Cidades Inteligentes da Europa em Barcelona. Um dos desenvolvedores desse app e engenheiro da computação, Eduardo Calil, 22, acredita que colocar os conhecimentos adquiridos durante a faculdade para a realização desse aplicativo foi um grande aprendizado.