São muitas as tecnologias como smartphones, antibióticos, técnicas cirúrgicas e eletrodomésticos que facilitam nossa vida. Apesar disso, a durabilidade de muitos equipamentos é curta, gerando um lixo eletrônico que acaba sendo um problema ambiental grave. Com medicamentos é a mesma coisa. Poluímos nossa terra, nossa água, nosso ar, nossa vida… Quando o assunto é transportes, a história se repete. Automóveis contribuem para o efeito estufa e o consumo de energia.
Nestas circunstâncias, devemos pensar em como manter a vida e com qualidade. Não vamos aqui discutir as diversas abordagens sobre sustentabilidade. Porém, atrelamos este conceito à relação entre desenvolvimento e manutenção e promoção da vida, em uma abordagem que é humanista, ao falarmos sobre os ciclistas na Universidade de Brasília (UnB). Para o professor e pesquisador do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB, Pastor Willy Gonzales Taco, o trânsito é uma expressão da cultura.
Mas então o que fazer se nossa cultura é a do risco?
Trata-se então de mudar nossa de forma de pensar e agir no mundo, modificando a cultura. Há conflito por toda a parte. São as pessoas nas cidades cujos espaços não estão tão adequados, os meios de transportes utilizados e a problemática instaurada quanto à produção de alimentos, energia, saúde e organização da vida. São pedestres, ciclistas e motoristas, todos no mesmo espaço. E para que possa existir a sustentabilidade é necessário antes de tudo que as pessoas se respeitem.
O especialista, Pastor Willy Gonzales Taco, nos esclarece que os meios de transportes podem ser organizados com relação à escala. Caminhada e bicicleta para curta distância, carros e ônibus para média distância e sistemas de grande capacidade como metrôs para longa distância. De acordo com ele, “caminhar e usar bicicletas é fundamental para a sustentabilidade”. E não dá para falar em sustentabilidade sem falar em preservação da vida. Em pesquisa sobre transportes realizada na UnB, temos que 85% do deslocamento interno no campus Darcy é feito a pé.
A realidade dos ciclistas
Pastor Willy Gonzales Taco revela que apenas 10% dos alunos vem para a universidade a pé ou de bicicleta. Destaca que o uso das bikes aumentou significativamente devido à implantação de ciclovias e de bicicletário compartilhado. Apesar disso, os conflitos entre ciclistas, pedestres e motoristas de carros e ônibus permanece. A questão é bastante complexa. Devemos refletir sobre quem está dirigindo, se este motorista está atento ao trânsito ou se está usando o celular. “No campus muitos dirigem falando ao celular”. O pesquisador questiona as causas dos acidentes com ciclistas ocorridos no campus.
Veja vídeo do DETRAN em parceria com a UnB
O professor Pastor Willy Gonzales Taco menciona ainda o problema da segurança enfrentado pelos ciclistas. Segundo ele, “não é possível falar em sustentabilidade sem falar em segurança”. São questões de infraestrutura apropriada para quem usa as bicicletas como a continuidade das ciclovias e zonas de transição, falta de segurança nos bicicletários com a existência de roubos das bicicletas e local adequado para banho. “Eu aposto em sustentabilidade e aposto em segurança em primeiro lugar. Não adianta ter bicicleta compartilhada se o trânsito não é seguro. […] Não adianta ter conceito sustentável se o meu espaço não é seguro.”
Apesar dos problemas indicados, existem fatores positivos quanto à segurança. O pesquisador cita a “zona 30”, aquelas áreas de velocidade a 30 km para evitar impactos graves em uma batida ou acidente e ressalta também a parceria com o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (DETRAN) na realização de campanhas para uma relação mais amigável nas vias e do Maio Amarelo.
Raimundo, estudante do curso de Direito, faz o uso da bicicleta como meio de transporte alternativo uma vez que ele mora na 107 Norte, perto da universidade e também quando tem mais tempo e para o lazer. Afirma que o que dificulta o uso da bicicleta é a falta de infraestrutura adequada. “A cidade é pensada para os carros e pouco para as bicicletas e pedestres”.
O grafiteiro, rapper do Extrema Função e artista plástico, Cleiniston, usa as bicicletas por motivo de trabalho. Ele afirma que o projeto + Bikes é muito bom. “É legal principalmente para a locomoção”. O aspecto ruim, quando você vai de uma estação até outra é “você vai levar a bicicleta e chega lá não tem lugar pra guardar ou você vai pegar a bicicleta e não tem bicicleta”. Ele acrescenta ainda a distância entre as estações que pode ser grande.
Projetos
Na UnB – Quando o assunto é pedalar, temos na UnB o Coletivo Bicicleta Livre que é um projeto de extensão, iniciado em 2007, com o objetivo de incentivar a utilização da bicicleta no campus. No princípio, foi implementado um sistema de bicicletas comunitárias para facilitar um deslocamento sustentável a partir da doação e conserto de bikes.
No Distrito Federal – Há também o projeto + Bikes do Governo do Distrito Federal que na verdade também é um sistema compartilhado de bicicletas. Neste mês foram inauguradas mais 2 estações de bicicletas compartilhadas na Asa Norte que apresenta muitos estudantes usuários do serviço. Próximo à UnB, nas quadras 408/409, de acordo com a Secretaria de Mobilidade há uma grande procura pelas bikes.
Para conhecer o projeto, baixe o aplicativo para localizar as estações do + Bikes clicando aqui.