Educação
UnB desconhece acidentes dentro dos campi

Segundo a Coordenadoria de Transportes da Prefeitura da UnB, “não há interesse em fazer esse tipo de acompanhamento ou levantamento. A Direção de Segurança mantém atenção no assunto”

Com interesse ou sem interesse, uma coisa é fato: o último boletim anual de acidentes publicado pelo DETRAN-DF, em 2016, apontou 365 acidentes com morte. Precisamente, 1 vítima por ano. Se aproximarmos um pouco os dados para a realidade universitária, somente nas vias urbanas do Distrito Federal, no mesmo ano, foram registrados 137 acidentes com vítimas fatais, 133 pedestres e 19 ciclistas mortos.

Não é como se a Universidade não fizesse nada: em maio passado, o Detran-DF realizou, junto com o Centro Interdisciplinar de Estudos em Transportes – CEFTRU/UNB, o Seminário Internacional sobre Segurança no Trânsito Sustentável, com a participação de especialistas de Brasília e dos EUA. Com frequência, os campi são alvos de campanhas a favor da direção segura. A UnB até possui um programa de pós-graduação em transportes.

Por que, então, a falta do registro do número de acidentes, especificamente dentro da área dos campi? Várias são as teorias: a aluna Amanda de Sousa, 21, do curso de Enfermagem (Darcy Ribeiro) já bateu o carro dentro do campus e conhece colegas que também já estiveram envolvidos em algum tipo de ocorrência dentro da UnB. “Não foi nada grave, graças a Deus, mas ainda assim teve o susto. Acho que se a gente soubesse quantos acidentes acontecem, daria pra ter uma ideia mais clara do que é preciso fazer para evitá-los. Talvez a Prefeitura não faça por falta do costume mesmo”, conta a estudante.

A contabilidade de tais dados tem como objetivo básico acompanhar a redução das ocorrências em determinado espaço de tempo. Ora, se não há o ponto de partida, a comparação torna-se inviável. Ainda assim, há pouco tempo, foi instalada, entre a Faculdade de Tecnologia e o Instituto Central de Ciências, a chamada Zona Trinta, onde a velocidade máxima de todo o percurso permanece em 30km/h. “Essa velocidade é ideal nas áreas de divisão com pessoas. Essa é uma tendência mundial, vista em cidades como Nova York e Paris. Nessa velocidade, caso aconteça um acidente, o motorista tem tempo de reação maior, possibilitando a realização de uma manobra de frenagem”, detalha a docente Michelle Andrade, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental e do Programa de Pós-graduação em Transportes.

Por mais imprescindível que a medida pareça, como a eficácia da Zona, na área específica em que foi implementada, poderá ser avaliada? Ou ainda: sem o acompanhamento dos dados, como a área da Zona chegou a ser decidida? De todo jeito, a falta de levantamento do número de acidentes de trânsito dentro da UnB não diminui o cuidado, a atenção e a responsabilidade que todos que fazem parte do ambiente universitário devem ter, seja em cima de um skate, como pedestre, ciclista, motorista ou motociclista.

Opinião
Editorial - A UnB e o trânsito de Brasília