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Pesquisa mostra relação entre esgotos e consumo de cocaína no DF

Uma pesquisa do Grupo de Automação, Quimiometria e Química Ambiental (AQQUA/UnB) analisa amostras de esgoto coletadas das estações de tratamento para levantar a quantidade de cocaína consumida no Distrito Federal. A pesquisa, que é fomentada pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA), se iniciou em 2010 em parceria com a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal e com a Universidade Federal de Campinas (Unicamp).

A partir da análise dessas amostras de esgoto é possível encontrar cocaína pura e benzoilecgonina, que é a substância gerada pelo organismo após o consumo da droga. Também se encontra a anidroecgonina, produzida com o aquecimento do entorpecente quando o consumo é de crack. E além disso, os adulterantes utilizados nessas drogas também podem ser rastreados. A partir desses dados é possível descobrir laboratórios adulterantes de drogas, cidades onde o consumo é mais alto quais dias da semana o consumo aumenta ou diminui.

Líder no consumo de cocaína está Asa Norte, Lago Norte e Varjão. O gráfico abaixo indica o consumo semanal em dose dia.

Arte: Filliphi da Costa

O estudo também foi feito durante a Copa do Mundo de 2014, quando Brasília sediou dois jogos do Brasil em dois finais de semana. A intenção era comprovar se o clima festivo realmente influencia no consumo desses entorpecentes. E a hipótese se confirmou: o consumo de drogas teve um salto significativo. “Quando as pessoas estão consumindo álcool e festejando a tendência para haver consumo é muito grande” explica Fernando Sodré, professor do Instituto de Química da UnB e também integrante do AQQUA.

Quando o usuário a consome juntamente com bebidas alcóolicas, o corpo metaboliza o cocaetileno. Os pesquisadores estão trabalhando para rastrear essa substância nas amostras de esgoto a fim de conseguir entender se o maior consumo dos entorpecentes acontece casualmente em festas ou é feito por usuários viciados.

Sobre as vantagens da pesquisa, Sodré explica: “Nosso método não é sobre o indivíduo, é sobre a população, tem a vantagem de ser em tempo real… Se for de interesse da polícia, a gente consegue levantar (os dados) em um dia”.