Pela quinta vez, o movimento estudantil Aliança Pela Liberdade (chapa 2) toma posse do DCE (Diretório Central dos Estudantes). A chapa foi eleita com um total de 7005 votos contabilizados na noite de quarta-feira (14/6). A segunda colocada, Unidade para Resistir (chapa 5), tomou fatia significativamente menor dos votos, 39.50%, o que representa 1074 votos de diferença.
Eleita anteriormente nos anos de 2011, 2012, 2014, 2015, a Aliança atribui às próprias gestões feitos como colocar toldos em paradas de ônibus, trazer o recurso de empréstimo de bicicletas via mobile na universidade e o funcionamento de salas de estudo 24 horas. Entre os ideais da chapa está maior autonomia financeira, contrapondo-se à dependência estatal.
Para Bruno Moura, a vitória não foi exatamente surpresa. Graduando em direito e membro da aliança, o estudante vê a eleição como natural, pois considera a gestão da chapa Todas as Vozes “desastrosa”. Quanto à diferença expressiva de votos, “se deu por um trabalho decente, honesto, propositivo na eleição e a consciência do estudante que sabe que a Aliança não vive só de discurso, mas de resultado”.
Confira as propostas feitas pela Aliança durante campanha eleitoral para o DCE:
Quais são as principais propostas de vocês?
As nossas propostas para a gestão 2018-2019 seguem a visão de DCE que a Aliança tem há anos. A UnB precisa de um DCE Forte e Eficiente. Focar em solucionar problemas que atingem o dia a dia da Universidade. A volta das Salas de Estudos 24 horas por dia, 7 dias por semana e a abertura dessas salas na FGA, FUP e FCE é prioridade máxima. Na segurança, iremos ampliar a parceria com a PM nos quatro campi, trabalhar pela implementação dos corredores de segurança, retomar as instalações de postes de luz nos campi, pressionar a reitoria para que instale e bote em funcionamento as câmeras compradas. Também iremos trabalhar para que as Empresas Juniores conquistem seus espaços físicos e que se expanda a oferta das disciplinas EJ1 e EJ2 para além do campus Darcy Ribeiro. Na parte esportiva, desburocratizaremos o uso do Centro Olímpico e retomaremos o Intercalouros num novo modelo e, por fim, batalharemos para a reabertura do Polo de Prevenção de DST’s e AIDS.
Como vocês pretendem contornar a crise orçamentária na UnB? O que pensam sobre alguns mecanismos utilizados pela reitoria para diminuir custos, como o aumento do RU, e a demissão de terceirizados e estagiários?
A Aliança sempre defendeu que a Universidade não pode depender exclusivamente dos recursos repassados pelo Estado, tanto é que há anos batalhamos pela aprovação dos fundos patrimoniais e das parcerias entre UnB e sociedade civil. Este ano, tivemos a grata surpresa da aprovação do Programa Parceiros da UnB, idealizado durante a gestão da AL. É essencial que a UnB possa gerir os recursos que ela própria produz, o que não ocorre no momento, com devoluções de rendas da UnB para o tesouro da União. Sobre a questão do RU e dos terceirizados/estagiários, a gente sente que a UnB ainda não apresentou devidamente suas contas para que possamos analisar a real situação fiscal da UnB. Estamos defendendo uma auditoria financeira da universidade.
A Aliança representou os estudantes no DCE por alguns anos, mas em 2017 perdeu a eleição para outra chapa. O que aconteceu? Qual a diferença da Aliança em 2018 para voltar ao DCE?
É natural que os estudantes desejem uma nova experiência com um grupo que promete coisas visualmente muito instigantes, como 10% do PIB para Educação e revisão de leis aprovadas. Contudo, a comunidade acadêmica viu quão desastrosa foi a gestão da Todas as Vozes, hoje renomeada de Unidade para Resistir. Foi um ano de DCE sumido, sem resultados entregues e que ainda gastou mais de 65% do caixa da entidade no último mês de gestão, tendo suas contas reprovadas em primeira análise.
No último ano, além de uma atuação firme nos conselhos superiores, a Aliança se dedicou a rediscutir o grupo e nossos princípios, tanto é que criamos uma associação sem fins lucrativos e um Estatuto para a Aliança pela Liberdade, juntamente a nossa carta de princípios. Novas pessoas entraram no grupo e quadros importantes da nossa história reaproximaram-se. Também ampliamos as discussões sobre os rumos da Educação brasileira, fazendo diversos eventos na própria UnB sobre a questão. Hoje a Aliança é um grupo mais forte interna e externamente, com uma visão mais sólida do modelo de Educação e sociedade que queremos não apenas para a UnB, mas também para o país.
Uma das grandes bandeiras da Aliança é o movimento #RespeitaMinhaAula. Nos últimos meses vimos uma movimentação em parte da UnB para fazer uma greve de estudantes, esse cenário tende a piorar com o provável agravamento da crise financeira da UnB. Como vocês pretendem reagir a esse movimento?
Assim como em 2016, a “greve” ilegal aprovada neste ano, não resultou em qualquer demanda apresentada pelos grevistas. A Aliança inclusive está questionando nas instâncias devidas aquela assembleia fraudulenta comandada pelo Comissão Eleitoral. Em 2016, tivemos um movimento que impediu metade da UnB de ter aula por mais de um mês, e que não modificou uma linha sequer da PEC do teto dos Gastos, que era o motivo externado pelos grevistas.
A Aliança acredita que, primeiro, a discussão política deve ser feita sem infringir direito fundamental de quem quer que seja, tanto o de ir e vir, quanto o de ter aula e do professor poder ministrá-la. Segundo, que essas soluções fáceis apresentadas, como a de que parando a universidade o MEC vai aumentar o repasse financeiro para UnB, é demagogia, populista e ineficiente. Como fizemos em 2016 e estamos fazendo nesse momento, vamos continuar criticando, apontando as inconsistências e erros desse modelo de manifestação e, se for preciso, assim como em 2016, procuraremos a Justiça para que os direitos fundamentais da comunidade acadêmica sejam respeitados.