Oito mil estudantes participaram das 668 atividades da Semana Universitária da Universidade de Brasília (UnB), realizada entre 24 e 28 de setembro, informou o Decanato de Extensão (DEX) ao Campus Online. Em meio a reclamações feitas por alunos de mudanças de horário e cancelamentos de eventos sem aviso e a falta de pessoal e recursos para a organização, o DEX afirmou ter ficado "muito satisfeito" com a organização da edição de 2018 do evento.
"A organização da Semana ganhou o engajamento das unidades com a descentralização de recursos e a criação do Programa Especial Semana Universitária que propiciou que cada unidade discutisse internamente e pudesse propor suas atividades de forma coesa", argumenta o Decanato por meio de sua assessoria de imprensa.
Além da organização central do DEX, a Semana também é de responsabilidade dos líderes de departamento e dos coordenadores de extensão das unidades acadêmicas. Segundo Liza de Andrade, responsável pelas atividades de extensão na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), o evento foi "maravilhoso" por proporcionar troca de conhecimentos entre alunos, professores e técnicos do departamento.
A FAU foi a campeã em atividades propostas, cerca de 10% de todas da UnB. Contudo, Liza aponta para um problema que não é de hoje em Semanas Universitárias, o pouco compromisso da comunidade estudantil com o evento.
"Muitos estudantes se inscreveram e não foram. Na FAU de 1000 alunos (inscritos nas atividades), se compareceram 200 alunos, foi muito. Muita gente viaja", constata Liza. Ela ressalta também que muitos professores não suspendem suas atividades para a Semana. "Alguns professores marcaram entregas de trabalhos e provas. Inaceitável", critica.
A baixa taxa de comparecimento também foi uma queixa da equipe de organização do DEX. O órgão informou à reportagem que mandou emails para todos os centros acadêmicos, DCE e entidades estudantis para organizar a primeira Feira Criativa UnB, mas apenas um destinatário respondeu. Assim, a reunião para a organização da atividade, que ocorreu no último dia de SemUni, foi cancelada.
Os principais desafios para a Semana Universitária, segundo o DEX, são o baixo envolvimento da comunidade acadêmica e a falta de recursos humanos, orçamentários e de estrutura para as atividades.
Outro ponto que precisa ser melhorado, identificado por alunos e pelo próprio DEX, é a agilidade nas alterações de horários e datas feitas em eventos em comparação à programação divulgada previamente. Sem nenhum aviso, alunos ficavam sem saber onde, quando a atividade seria realizada ou se seria cancelada.
Esses casos confundiram alunos como Ana Luísa Araújo, que foi ao “SLAM Étnico-racial”, promovido pelo Departamento de Serviço Social. Ela chegou ao local em que a atividade seria realizada e a porta estava trancada. Ana pediu informações à secretaria do curso, mas também não encontrou solução. Por fim, conseguiu achar onde seria sua atividade, que já tinha começado.
"Me disseram que ela (a oficina) não tinha sido cancelada e nem trocado de lugar. O resultado é que trocaram de lugar na última hora, e o evento começou com 40 minutos de atraso", lamenta a estudante de jornalismo.
O mesmo aconteceu com um evento do Instituto de Ciências Exatas (IE), que estava marcado para o dia 28 de setembro. Na programação oficial constava que haveriam duas sessões, uma às 10h e outra às 14h. Contudo, quem chegava ao local indicado para a primeira sessão, no subsolo da Ala Norte do Instituto Central de Ciências (ICC), encontrava um aviso na porta de que a atividade começaria apenas às 14h.
A reportagem do Campus, que acompanharia a atividade, foi até a secretaria responsável pela organização da. Lá encontrou um cartaz com a programação completa da Semana Universitária do Instituto de Ciências Exatas (IE). O horário do evento em questão era o mesmo do cartaz colado na porta de onde o evento ocorreria dali a quatro horas.
Quem tenta explicar esse fenômeno é a monitora da Semana Universitária do IE Camila Oliveira, estudante de Matemática. Ela conta que a comunicação com o DEX para informar mudanças era falha. Segundo ela, foi solicitada a alteração da programação, mas não sabiam se o problema tinha sido resolvido.
O impasse se deu porque umaatividade seria desenvolvida em uma turma ao longo de dois dias e não como duas turmas distintas, como aparecia na programação. Camila relatou também que alguns horários de atividades estavam "estranhos", diferentes do que realmente aconteceria.
Questionado sobre casos como os relatados, o DEX se pronunciou. "Temos consciência das dificuldades enfrentadas pelos alunos com inscrições e troca de salas e horário, mas estamos trabalhando para que nas próximas edições esses obstáculos possam ser ultrapassados”, afirmou.
Explicaram também que as alterações deveriam ser feitas via Sistema de Extensão (SIEX), e que, mesmo com uma equipe de 53 bolsistas, servidores do DEX envolvidos na organização e o apoio da equipe do Centro de Informática da Universidade, faltaram recursos humanos para efetuar as alterações demandadas.
"Apesar de disponibilizarmos contato telefônico e e-mail para efetuar as alterações no sistema, ainda assim observamos que houve uma falha de comunicação", justificou o decanato.
Edição de Pedro Henrique Gomes