Política
Vendedores ambulantes questionam a desinformação durante as eleições
Trabalhadores autônomos reclamam da falta de aviso sobre as condições para votar em trânsito, fazer o cadastro da biometria e a existência do título digital

Os vendedores ambulantes estão sempre localizados em pontos estratégicos onde há grande movimento de pedestres, com o objetivo de atrair o maior número de compradores dos seus produtos. Nas eleições de 2018, não poderia ser diferente. Debaixo de seus guarda-sóis, na frente das zonas eleitorais, eles aguardam os clientes. No entanto, basta uma rápida conversa com esses comerciantes para compreender como foram surpreendidos, com as inovações tecnológicas desta eleição, como o e-Título, e os direitos garantidos a eles em casos especiais, como o voto em trânsito.

O vendedor de picolé Cícero Pereira da Silva, 31 anos, desabafa um pouco. Enquanto atende os clientes próximo à entrada do Centro Educacional Gisno, na Asa Norte, ele conta que deixará de votar porque não ficou sabendo da necessidade da atualização do título com a biometria. Na verdade, ele pensava que apenas um documento com foto seria suficiente para registrar o seu voto. Além disso, Cícero conta que após saber da novidade da biometria ele procurou saber mais sobre o assunto e aponta a burocracia existente no processo como um empecilho para os eleitores. "Tudo agora é no agendamento. Tem que ter uma agilidade melhor."

Ambulantes vendem produtos em frente ao CEUB neste domingo de eleições. (Foto: Ana Laura Pinheiro)

Em frente ao Centro Universitário de Brasília (CEUB), muito perto de onde Cícero Pereira estava vendendo seus sorvetes, havia outros três ambulantes. Deles, apenas um conhecia o e-Título, aplicativo novo que permite o acesso ao título de eleitor por meio do celular. Dentre os três, um desconhecia também a possibilidade de votar em trânsito.

Raimundo Soares, 39 anos, vendedor de açaí, justificará o voto porque não sabia que era necessário pedir uma autorização e ir a um órgão específico para votar em uma cidade diferente da qual ele fez o título. O comerciante afirma, ainda, que isso é uma falha na comunicação entre o Estado e a sociedade.