Opinião
Editorial - Bolsonaro e o futuro tenebroso das universidades federais

Para infelicidade de alguns, que justificam temer pela derrota da democracia, ou alegria de outros, que dizem querer a mudança de partido no Poder Executivo, o candidato Jair Messias Bolsonaro (PSL) foi eleito neste domingo (28) presidente da República, com 55,13% dos votos. Em votação de segundo turno, ele derrotou o candidato Fernando Haddad (PT), que obteve 44,87% dos votos.

Tendo recebido mais de 57 milhões de votos, o militar deve trazer grandes transformações, no sentido mais radical possível, para a Universidade de Brasília (UnB) em particular e para as universidades públicas em geral, conforme o plano de governo apresentado e declarações dadas em entrevistas e redes sociais.

Entre as propostas de Bolsonaro para as universidades federais que mais chamam a atenção, por serem extremamente polêmicas, estão a diminuição do percentual de vagas para cotas raciais; a cobrança de mensalidade para a população de alta renda; e o repasse dos investimentos do ensino superior para o básico.

Dessa forma, não é difícil perceber que teremos uma universidade que fechará portas para a sociedade, com menos diversidade e destinada à maioria que tem condições para arcar com o pagamento mensal. Segundo estudo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), feito em 2016, dois em cada três alunos de universidades federais pertencem às classes D e E.

Além disso, o remanejamento de recursos do ensino superior para o básico irá frear o avanço de pesquisas e outras práticas que as universidades oferecem ao público, como por exemplo, o atendimento em hospitais universitários que, evidentemente, necessitam de constantes investimentos do governo. Vale lembrar também o recente corte de gastos da UnB, que vem causando drásticos problemas na segurança, na limpeza e em vários outros setores.

É um passo para trás resgatar medidas que foram duramente exigidas pela comunidade acadêmica do Brasil há anos. De fato, estaremos retrocedendo para a ditadura militar, quando, a propósito, alunos do movimento estudantil reivindicavam a gratuidade do ensino, o incremento do número de vagas na universidade e o aumento de verbas para a educação superior.

Não podemos ficar calados.

Com contribuição de Natália Fechine