Opinião
Avanços

O termo ombudsman tem origem sueca e significa "aquele que representa o cidadão". Na imprensa, a palavra é aplicada ao profissional cuja função é representar os eleitores de um jornal e fazer críticas à produção jornalística.

O ombudsman do Campus Online deste semestre é Victor Farias, que passou pelo jornal laboratório no 1º semestre de 2018. Leia abaixo sua segunda coluna:

Faltando poucas semanas para o fim do Campus Online neste semestre, o jornal dá indícios de que encontrou seu rumo. As redes sociais estão funcionando de forma mais orgânica, sem dificuldades de linguagem, a periodicidade das publicações aumentou e as matérias permanecem com a qualidade alta.

Para ilustrar esse período de acertos, gostaria de citar duas coberturas do jornal: a da manifestação de apoiadores de Jair Bolsonaro na UnB e a da semana dedicada à segurança na Universidade.

No primeiro caso, a equipe decidiu dar um grande espaço ao acontecimento. Uma escolha inteligente. A situação era explosiva e era importante que os olhos atentos da imprensa estivessem lá para noticiar com cuidado. O resultado foi uma cobertura completa e informativa. Os dados de audiência endossam a qualidade do jornalismo.

Já no que diz respeito à cobertura temática sobre segurança, vários pontos são dignos de nota. Começo falando das duas matérias do site que trouxeram dados novos para uma discussão antiga. Os dois textos se complementam, tornando o assunto complexo, como ele realmente é.

A ida de repórteres aos diferentes campi e as matérias feitas por eles no Instagram também foram positivas. Sair do Darcy Ribeiro é um desafio que envolve logística, tempo e, muitas vezes, preguiça. Neste caso, essas barreiras foram vencidas e os universitários de Ceilândia, Gama e Planaltina foram prestigiados. Além disso, a escolha do IGTV para hospedar as reportagens foi inteligente e inovadora.

Ainda nos comentários sobre essa cobertura, um pensamento sobre o Campus Café. Desde antes de participar do jornal, acho o projeto uma ideia boba e sem sentido. Com a matéria especial sobre defesa pessoal e segurança, mudo de opinião. O formato ainda pode melhorar, mas percebo que o Campus Café pode, sim, ser útil e informativo.

Lentidão

Abro esse intertítulo apenas para questionar o fato de não ter nenhuma matéria sobre o assassinato na UnB na última sexta-feira. O caso chocou a Universidade e precisa ser noticiado.

Léxico

A língua portuguesa é vasta. Existe uma palavra para definir, com precisão, quase tudo. Essa especificidade, no entanto, nem sempre é positiva. Palavras recorrentemente utilizadas em matérias jornalísticas, como “falar”, “relatar”, “revelar” e “garantir” não tem o mesmo significado, mas às vezes são utilizadas como se tivessem.

É preciso ter cuidado com as palavras que escolhemos. No caso acima, alguns dos vocábulos utilizados comumente no lugar de “dizer”, para não repetir o termo, exprimem sentimentos. A depender da utilização, esses termos podem deixar a matéria menos neutra. Também podem deixar a matéria mais precisa, se usados com cuidado e parcimônia.

Um exemplo de um uso problemático do léxico é a matéria sobre os cartazes da UnB, no Instagram. No título, utiliza-se a palavra “clamar”. Palavra quase religiosa, que indica um sentimento exacerbado. Distante da neutralidade.

No Whatsapp do Campus também podemos perceber uma dificuldade com os vocábulos e a neutralidade. Nesse caso, a escolha das palavras, o uso de emoji e as construções frasais têm me levado à reflexão: isso é jornalismo?

Talvez seja conservadorismo da minha parte, mas acredito que há um exagero na busca pela linguagem jovem e descolada. Diversas mensagens da plataforma contam com frases interagindo diretamente com o interlocutor, sem transmitir conteúdo. Algumas delas, inclusive, chancelando o apoio do jornal a determinados eventos e pensamentos. Cito algumas:

“Interessante, né? 🤔 Vamos?! 😎”;

“Os professores têm participado de movimentos📢 paradetera onda🌊 fascista. Esse debate também tem como foco a democracia📰🔈.”;

“As eleições acabaram, mas as discussões devem continuar!”.

A ideia de usar o Whatsapp é boa e inteligente, mas, assim como na escolha de palavras para ilustrar um texto, é necessário ter cuidado.