Cidade
UnB em preto e branco
“A minha escola não tem personagem, a minha escola tem gente de verdade” - Renato Russo

Muitas pessoas fazem parte da história da UnB. Independentemente do tempo que estiveram por esses prédios e corredores, cada um contribuiu à sua maneira para construir o que a universidade é hoje.

Pensando no que as pessoas que estão há um tempo significativo na UnB, têm a nos contar, o Campus decidiu ouvir quem assistiu e assiste o desenvolvimento da nossa universidade.

Chico Barbeiro

(Foto: Beatris de Deus/Campus Online)

Francisco Bertoldo de Amorim, 73, mais conhecido como "Chico barbeiro", veio para Brasília em 1967. Trabalha na UnB há 52 anos. Orgulhoso de estar há tanto tempo dentro da universidade, enfatiza: “Eu me aposentei em 2003. Nunca parei. Eu só paro quando é feriado, entendeu? E só. Tem dia que eu tô aqui 6h30, na barbearia. As vezes o aluno quer cortar cabelo cedo, né. Antes da aula. Eu tô aqui para cortar”.

Chico trabalha com seu filho, Rodrigo Ribeiro Amorim, 35, na barbearia localizada em frente ao estacionamento do ICC Sul. Ao lembrar da construção da “casa” em que funciona a sua barbearia, chico conta “É do projeto de Oscar Niemeyer esse 'prediozinho' aqui. É um tipo de casa que ia ser construída para estudante morar e até casa popular na cidade”

“Então nessa casinha aqui funcionou um posto médico. Quando o hospital universitário era em Sobradinho, o posto médico era aqui nessa casa. Morou estudante nessa casinha aqui também. Uma moça ganhou um filho aqui”, diz Chico.

Elizelda

(Foto: Beatris de Deus/Campus Online)

A cearense Maria Elizelda Medeiros, 50, encarregada de serviços gerais, chegou em Brasília em 1985 para conhecer uma irmã. Começou a trabalhar na UnB no dia 12 de abril de 1994.

Elizelda passou metade da sua vida em meio aos prédios, corredores e salas da UnB. “Eu tenho 25 anos aqui, conheço toda a UnB e a UnB hoje faz parte da minha vida. A metade da minha vida foi aqui dentro, eu entrei com 25 e hoje eu tenho 50.”

“Acho que todos os momentos que eu passei aqui na UnB foram marcantes”, diz Elizelda. “Eu gosto de trabalhar aqui. Na verdade eu não me vejo trabalhando em outro local”, completa.

Gilmar

(Foto: Beatris de Deus/Campus Online)

Gilmar Alves de Oliveira, 45, está na UnB há 12 anos. Ele é microempreendedor individual e trabalha no local que seu pai alugou durante muitos anos. “O meu pai trabalhou nesse local aqui, 30 anos como sapateiro”, ressalta.

Gilmar assumiu o ponto em 2007, e transformou a antiga sapataria de seu pai na loja Cartuchos e Informática, situada em frente ao estacionamento do ICC Sul.

Neide

(Foto: Beatris de Deus/Campus Online)

Edilma Fernandes, 56, mais conhecida pelo público da UnB por "Neide", começou a frequentar a Universidade ainda criança, ajudando sua mãe a vender revistas e jornais. “A UnB é trabalho e amigos. Passei o resto da minha infância, adolescência e maturidade tudo dentro dessa universidade. Então, realmente é como se a UnB fosse uma família para mim”, afirma Neide.

Por volta dos anos 80, Neide se estabeleceu na entrada norte, onde está localizada sua banca. Ela é uma das pessoas que assiste de perto o desenvolvimento da universidade.

Ao falar da ditadura militar, Neide se lembra da invasão de 6 de junho de 1977, quando militares invadiram a UnB, intimando funcionários, professores e prendendo estudantes. “Negativamente o ano mais marcante para mim foi em 1977... O regime militar invadiu o ICC norte. Um amigo, um estudante viu uma cadeirante cair e foi socorrer essa cadeirante... Estavam jogando bomba para todo lugar. Foi um tumulto. Aí levaram ele preso, ele foi até enquadrado na Lei de Segurança Nacional”.

A dona da UniBanca relembra com carinho da efervescência cultural dentro da universidade. “Eu já assisti no anfiteatro norte Chico Buarque de Holanda e no bandejão, João Bosco. Então, a universidade sempre tinha muitas atividades culturais dentro do campus. Era tudo aqui dentro. Funcionava no minhocão. Agora, o momento que mais me emocionou foi quando Dalai Lama veio na universidade”.

Chico da Livraria

(Foto: Beatris de Deus/Campus Multimídia)

Em 1975, o piauiense Francisco Joaquim de Carvalho, 59, chegou na UnB. “Era diferente porque ainda não tinha a internet. Os estudantes, os professores compravam os jornais diários, mensais”, relembra Chico.

Chico presenciou momentos importantes, que estão gravados na história da UnB e reconhece a importância disso “Tem fatos que são marcantes para mim, como ter assistido o Doutor Honoris Causa do Darcy Ribeiro, ter ido a palestra do Dalai Lama, do Nelson Mandela, para mim esses são momentos ternos e eternos para toda a minha história. Como documento de época, para mim é importantíssimo. Ser um espectador presente de todas essas quatro décadas".

Ao falar da relação com a sua livraria, situada no ICC norte, e com a universidade, Chico mostra carinho: “Por mim eu gostaria de trabalhar até o último dia da minha vida. Ajudar, prestar serviço à comunidade me deixa muito feliz. É um amor incondicional pela universidade, pelo trabalho, pela amizade com os alunos, professores, técnicos administrativos”, completa Chico.