Na primeira semana de todo semestre letivo, a Universidade de Brasília (UnB) abre um edital, durante duas a três semanas, promovendo vagas de intercâmbio em diversas Instituições de ensino do mundo com parcerias e acordos vigentes, e possibilita o intercâmbio de estudantes de graduação e pós-graduação brasileiros, além de receber estrangeiros. A Assessoria de Assuntos Internacionais (INT), criada para promover a interação entre as instituições estrangeiras de ensino superior e a UnB, é a área responsável por organizar esse processo. Atualmente nenhum edital está aberto, mas vale entender todo o processo com antecedência para se preparar quanto aos documentos e pré-requisitos para concorrer.
Toda a comunidade acadêmica é abrangida pelas seleções promovidas pelo INT, desde que sejam alunos regulares de graduação, pós-graduação, servidores da Universidade, docentes ou pesquisadores. Para participar, é preciso apenas responder aos pré-requisitos estipulados pelo edital pretendido. O edital sai geralmente na primeira semana letiva do semestre, promovendo as vagas e universidades disponíveis para o próximo semestre acadêmico. A UnB possui acordos com universidades em todos os continentes, e recebe intercambistas de todos eles também, embora envie cerca de 130 alunos e receba de 50 a 70 alunos semestralmente.
Cada edital possui suas particularidades, mas seguem um padrão de pré-requisitos como: ter Índice de Rendimento Acadêmico (IRA) igual ou superior a 3,0, ser aluno regular da UnB, ter cursado no mínimo 40% e no máximo 90% dos créditos exigidos para graduação no curso, comprovar proficiência no idioma da universidade desejada e não estar como provável formando no semestre relativo a realização do intercâmbio.
Para a inscrição, o INT disponibiliza um formato de organização e de envio de cada documento para o somatório de pontos na classificação do estudante e é importante o candidato seguir o passo a passo, pois caso não esteja dentro dos documentos aceitos, pode invalidar os pontos no item fora das regras, como é o caso de certificados de idiomas, item decisivo para algumas situações.
Quando selecionado para o programa, o aluno sofre um trancamento justificado, realizado de forma automática pela Assessoria no Matrícula Web, e pode ser mantido por até dois semestre no sistema.
Essa iniciativa da Universidade é pouco conhecida entre os alunos, sendo disseminada geralmente boca a boca ou por indicação de algum colega que participou do programa. Não foi o caso da aluna Marisa Wanzeller, de Comunicação Organizacional, que conseguiu uma vaga para a Universidade do Minho, em Braga, Portugal. “Desde o primeiro semestre, a professora Elen Geraldes comentou com a turma e, quando eu estava na Empresa Júnior de Jornalismo, Facto, em que trabalhei, vi vários colegas indo e fiquei bastante motivada”. Marisa se planejou durante a graduação e viajou em agosto de 2018, retornando em janeiro de 2019, com bastante bagagem de conhecimento e experiências.
Semestralmente um grupo de jovens é selecionado e passa a se organizar para a viagem. No último edital, Convocação Nº1/INT/2019, foram alocados cerca de 99 alunos nas Instituições parceiras. Julia Fujita e Gabriel Caetano estão dentro dos selecionados, e vão para a Moscow State Linguistic University, “Esta é uma oportunidade incrível, com o INT auxiliando facilita muito conseguir uma vaga de estudos juntos às universidades estrangeiras e até com o governo do país”, conta Julia, que é aluna de Relações Internacionais. Já para Gabriel foi uma surpresa a aprovação: “Eu realmente não esperava conseguir, me candidatei de última hora, sem muito planejamento, e quando vi minha matrícula nem acreditei. É um sonho”, conta o estudante de Letras Tradução-Espanhol.
Um ponto que pode afastar o interesse dos estudantes é que as bolsas promovidas pela Assessoria são apenas vagas de estudo nas Universidades parceiras, sem assistência financeira, o que pode intimidar parte do público da graduação. “Temos alguns casos de desistência por falta de condição financeira, embora sejam poucos os que desistem por esse motivo. Há estudantes que recebem assistência estudantil da Universidade, e quando viajam, continuam a receber no país que estiverem, tudo depende do edital no qual a bolsa é concedida”, diz Bruno Bortoleto, assistente de Intercâmbios no INT. Vale ressaltar que caso o estudante desista da vaga, ele é punido por dois semestres sem poder se candidatar para futuras bolsas, pois a oportunidade na universidade anfitriã muito provavelmente será perdida.
Mas nem todos se prendem só pelo gasto financeiro, visto que Brasília, segundo dados de pesquisa do IBGE em 2017, era a cidade mais cara para se viver no Brasil. Julia, que veio estudar Relações Internacionais na UnB, é natural de São Paulo, não tem família na capital e se mantém aqui: “Acho que eu vou gastar a mesma coisa ou até menos que gasto em Brasília para viver (considerando que eu pago aluguel), a moradia estudantil vai me ajudar muito”. Já o Gabriel, tem alguns planos para se bancar lá: “Eu estou me planejando mas sem valor definido. Qualquer coisa eu trabalho com tradução mesmo, dou aula de português ou quem sabe um trabalho informal como garçom”.
Existem outros tipos de bolsas, como o Santander Universidades, ou outras seleções pontuais de instituições parceiras, que podem ser bastante específicas e com edital próprio, que o INT não participa ativamente na escolha. No caso da primeira opção, o banco oferece uma quantia em dinheiro para as despesas durante o período (algo em torno de 3 mil euros), tanto para universidades na Europa como para aquelas da América Latina que estão no programa.
Quanto ao desenvolvimento acadêmico em outros países e reaproveitamento de créditos e disciplinas, as universidades e os cursos costumam ter disciplinas muito distintas, mas com a conclusão do intercâmbio, alguns cursos concedem os créditos apenas por participar do programa. É o caso de Relações Internacionais, por exemplo, o estudante que faz um intercâmbio pela Universidade ganha 16 créditos pela experiência e, em outros cursos como Direito, que possui linhas de pesquisas muito semelhantes, é possível adiantar bastante o fluxo.
Uma experiência de intercâmbio pode ser extremamente rica, independente do momento da realização. O maior número de bolsas de estudo que a UnB promove é durante o período de graduação, e para a egressa Carolina Garcia, é um momento divisor de águas, “Eu estive na Aarhus University, na Dinamarca, e fiz o curso Business Communication, o que me deu um leque de possibilidades dentro da profissão e conhecimentos em pesquisas acadêmicas em nível mundial”, para ela, essa experiência pode definir muito para onde o estudante quer traçar seu caminho, seja na vida acadêmica ou no mercado de trabalho, após o programa.
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