Opinião
Conhecendo uma nova espécie: o estagiário
Nesta crônica, o mundo dos estagiários é contado de forma descontraída e leve, confira como eles vivem e o que sentem

Figuras míticas no folclore trabalhista, uma das espécies de funcionários mais conhecidas são os estagiários. Este ser animado de juventude e, às vezes, inexperiência perpassa por corredores de empresas, sejam elas grandes ou até startups. E são, como diria a fala popular, “pau para toda obra”.

Falando em imaginário popular, não pode faltar o famoso “estágio é tranquilo, só fica buscando e servindo cafezinhos”. Mas o senso comum também erra, como nesse pensamento, afinal, o mesmo senso não sabe como é a vida de um estagiário.

Entrar em um estágio, hoje em dia, se tornou uma prova, ou melhor, uma maratona: inscrição, envio de currículo, dinâmica, entrevista, resultado… Ufa! E muitos nem saem da largada, pois o nível de experiência que pedem para correr essa maratona é maior do que os quilômetros já rodados.

Mas passar pela linha de chegada não é o fim, na verdade, é o início, o começo das famosas ‘primeiras vezes”. A primeira ida ao trabalho, a primeira a reunião, a primeira amizade, a primeira tarefa e a primeira conversa com a/o chefe….. Ah, a primeira conversa…. Nesse momento, as reações são as mais diversas e, por vezes, engraçadas: nervosismo, mão suada, risadas descontroladas, desvio de olhar, volume da voz baixo… É um arco-íris de reações e emoções, mas quando chega ao fim, um sentimento é claro: alegria.

Apesar de, na maioria das vezes, o nervosismo tomar conta, ele não permanece o tempo todo. Esse frio na barriga costuma ter uma validade, não mais do que alguns dias. E daí para frente os estagiários se tornam crianças de um a três anos: aprendem a falar, aprendem a trabalhar, já consegue ir no banheiro. O estágio deixa de ser um monstro de sete cabeças e passa a ter uma ou duas.

Com agonias e descobertas, o estagiário já está mais “cascudo”. Sabe como funciona o ritmo, entende um pouco o chefe e até começou amizades. É no primeiro mês que ele alcança uma espécie de auge: o salário. Mais comprometida do que a própria fidelidade, a remuneração do estagiário, para muitos, dura pouco tempo.

Mas nem só de empresa e salário vive o principiante do mercado de trabalho. Essa parte representa só 50% da vida dele. Os outros 50% acontecem na universidade e em casa. E como eles gostam dessa parte.

A faculdade é o momento para rever amigos, trocar experiências e fazer planos para gastar o dinheiro. Lá também a dor e o sofrimento unem as irmãs e os irmãos na luta pelo término de mais um semestre.

A casa é o momento de se auto consolar com as séries, que ficam cada vez menos comuns. Às vezes, eles trombam com os progenitores e chegam até a trocar pequenas comunicações. E claro: a casa é o lugar onde se alimentam, ou deveriam.

Motivados por feromônios e também por vontades, as noites dos fins de semana podem ser agitadas. Afinal, eles também precisam se divertir e, um dia, talvez, se reproduzir.

Se você já viu um desses, não precisa ter medo. No geral, são um pouco ariscos, mas não mordem. Então, não tenha medo de conhecer e ser um estagiário.