Universidade
É possível ter bom desempenho mesmo com transtornos

Entre 15 e 18% da população mundial sofre com alguma variação anatômica cerebral e tem Dislexia ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Assim, a professora Cíntia Schwantes abriu sua palestra sobre transtornos cognitivos e a educação. A atividade ocorreu na sexta-feira, 27, e fez parte da Jornada de cursos do IL.

Estudantes da pré-escola ao ensino médio estão suscetíveis ao diagnóstico de Dislexia ou TDAH. Desde a mais tenra infância, crianças possuem dificuldade para adquirir a escrita e entender sílabas. Quando comparadas a crianças neurotípicas, aquelas que não possuem variações anatômicas, crianças diagnosticadas têm menos vocabulário, são desajeitadas e sofrem com problemas de memória de curto prazo. “Uma vez, ouvi que Dislexia e Déficit de Atenção são desculpas para alunos malandros”, relembra Cíntia.

Ao citar Tom Cruise e Walt Disney, estrelas com Dislexia, Cíntia aponta que é possível garantir um bom desempenho escolar aos alunos disléxicos ou com TDAH. Para isso, de acordo com ela, é preciso que as escolas estejam dispostas a se adaptar. O cérebro é “plástico até a adolescência” e é neste momento que intervenções educacionais precisam ser tomadas. “Adolescentes com TDAH e Dislexia têm péssima autoestima; portadores do déficit de atenção são mais propensos a ansiedade e depressão, por exemplo”, indica Cíntia Schwantes.

Docente de Literatura Inglesa da Universidade de Brasília (UnB), ela colaborou com a criação do sistema de correções para redações de disléxicos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Por ano, segundo a pesquisadora, são corrigidas duas mil redações com características de um aluno disléxico. “É preciso entender que, apesar da condição do aluno, ele é capaz de formar ideias e argumentos. Além disso, é preciso entender o dislexiquês”, afirma a professora. Inscritos com o transtorno têm direitos na hora de realizar a prova, como auxílio para leitura e correção especial do conteúdo redigido.

Instituições de ensino, segundo Cíntia, devem implementar audiobooks, avaliações alternativas e fazer uso do método multissensorial de ensino, forma de aprendizado que trabalha com o tato, visão e audição, para auxiliar alunos disléxicos. “Usar estímulos diferentes é divertido e produz hormônios de prazer, permitindo aos alunos com Dislexia a memorização do conteúdo”, completa a docente. Portadores de TDAH têm períodos de atenção reduzida, em alguns casos este pode ser de apenas dez minutos. Para eles, escolas e professores devem entender a necessidade de pausas e novos estímulos durante as aulas. “Eles têm capacidade, é preciso, apenas, entender as características e descobrir qual o foco de atenção destes alunos”.

Texto e imagem por Kevin Lima, aluno da disciplina Apuração e Texto Jornalístico 1, sob supervisão e revisão do professor Solano Nascimento.