Semana do saco cheio para alguns, semana de conhecimento e interação para outros. É, a Semana Universitária (SemUni) lida, anualmente, com essas duas classificações pelo público estudantil da Universidade de Brasília (UnB). Neste ano, o evento está em sua décima oitava edição e conta com uma metodologia diferente de exposição, que visa, justamente, integrar o público da universidade com estudantes da educação básica, preferencialmente, da rede pública. A atual edição, sob novo formato e lema: “somar ideias, integrar vidas” diz muito a respeito da configuração inédita, que conta com apresentação de propostas apenas por unidades acadêmicas e administrativas.
Nos últimos anos, os estudantes da UnB deixaram de ver, sob a perspectiva de oportunidade, a participação no evento e passaram a enxergar a pausa, em uma semana, do calendário estudantil, apenas como um breve recesso para repôr as energias. Não à toa, é muito comum ver, nessa época do ano, inúmeros jovens, de diferentes cursos, viajando para as praias paradisíacas do litoral nordestino para desligarem-se de uma rotina de responsabilidades, estresse e demandas a serem feitas, ou apenas ficando em casa. É uma reação natural, e normal, de quem encontra, no meio do segundo semestre, uma “brecha”, já que, aparentemente, as atividades que ocorrem em espaço físico da universidade não os prendem no local. A grande questão que entra nesse embate, além das tentativas de popularização ainda maiores da SemUni, é a aproximação para com o público estudantil.
Em comparação à SemUni, está nossa rotina universitária no dia a dia e uma ideia de escapismo. É fácil perceber o quanto somos afastados da nossa universidade. Quem não se recorda de contar os dias para que a semana passe, em velocidade máxima, e que chegue logo o fim de semana, a partir da sexta à noite? A partir dessa óptica, a UnB entra em apenas mais um ciclo de passagem de dias nos quais não damos a real importância de ali estar, um lugar almejado por estudantes do Distrito Federal e do país. Com isso, a nossa relação com a instituição vai se estendendo a outros ramos, o que inclui a SemUni.
Tradicionalmente, a Semana Universitária ocorria em meados do mês de outubro, o que não se repete neste ano. A partir desta segunda-feira, 24 de setembro, até sexta-feira, 28, a universidade verá a congregação de conhecimentos que podem trazer oportunidades benéficas para ambas as partes. É nítido que a UnB tenta, a cada ano, promover mudanças que estimulem uma maior participação do estudante no evento, até como forma de não ficar com corredores desertos e salas de aula desocupadas por cinco dias úteis. O novo formato, que privilegia uma participação maior das unidades acadêmicas e administrativas, aumentou o número de projetos que serão debatidos durante o evento, que passaram de 450 (2017) para 660 (2018), um crescimento de 47%, segundo Olgamir Amancia, decana de Extensão.
A UnB não é a culpada pelo constante desinteresse por parte dos alunos. Alguns professores, inclusive, já não respeitam mais a orientação da reitoria em não ministrar aulas no período especial e preferem continuar seguindo o calendário normal. Isso é reflexo, principalmente, do anonimato de estudantes em relação ao evento. Ora, se muitos consideram o período como uma “mini férias”, é normal raciocinar que muitos professores optam pela continuidade das aulas.
Mas há também universitários que aproveitam as oportunidades. Os projetos de iniciação científica, desenvolvidos ao longo de um ano e apresentados, justamente, na SemUni, constituem uma oportunidade para ingresso em uma pós-graduação (mestrado e doutorado), além de uma especialização, situação que, atualmente, conta muito para o ingresso no mercado de trabalho.
Em suma, a grande preocupação é que a falsa concepção do verdadeiro propósito da SemUni relaciona-se diretamente à uma pré-concepção, já errônea, de alguns alunos, que concebem um posicionamento precipitado e absoluto sobre o evento e já descartam qualquer possibilidade de interação acadêmica, científica e cultural naquele período reservado.
Para esta edição, espera-se que a SemUni encontre, novamente, seu papel em relação ao convívio com estudante, além de que as mudanças implementadas surtam efeitos no curto prazo. Visitar a Universidade, ainda que por apenas uma hora na semana, nesse período especial, trará grandes ganhos ao participante.
Boa Semana Universitária a todos!
(Com UnB Notícias)