Política
Candidatos ao GDF na FAC: debate discute privatização, saúde, segurança e promoção de empregos
Painel da Faculdade de Comunicação (FAC) recebeu quatro candidatos ao governo do Distrito Federal. Eles debateram ideias e apresentaram propostas de governo

Candidatos ao GDF debateram, na manhã desta quinta-feira (27/9), temas como o embate entre a privatização e a estatização, soluções para saúde e segurança pública e promoção de empregos. Também apresentaram à comunidade acadêmica suas propostas de governo.

O Painel com Candidatos ao GDF, realizado no auditório Pompeu de Sousa, na Faculdade de Comunicação, contou com a presença de quatro dos 11 candidatos ao governo: Alexandre Guerra (Novo), Renan Rosa (PCO), Antônio Guillem (PSTU) e Fátima Sousa (PSOL).

O Painel foi dividido em três etapas: apresentação de propostas, perguntas entre os candidatos e perguntas do público.

Apresentação de propostas

O candidato do Partido Novo, Alexandre Guerra, defendeu a implantação de um governo eficiente, redução do número de secretarias, de 21 para 11, além de redução do Estado na economia e, segundo ele, “uma consequente geração de riqueza, renda e oportunidade para todos”.

Já Renan Rosa, do Partido das Causas Operárias (PCO), criticou veementemente o que intitulou de “golpe de Estado”, em referência ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, além de fazer uma série de acusações ao governo vigente e aos partidos que pregam mudança. “Os que dizem que vão melhorar o país são os mesmos que votaram a favor do golpe e do congelamento de gastos”, sustentou o candidato.

Em sua vez, Antônio Guillen, do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), afirmou que o papel do PSTU nas eleições é “discutir um novo modelo de país”. Para isso, propôs um regime de governo socialista, pois, segundo afirma, o capitalismo atual é um sistema que trabalha em favor dos ricos.

Além disso, o candidato utilizou o tempo para defender a estatização das empresas, investimentos na Terracap e Novacap, além de prometer estender o passe livre a todos os estudantes. Ao final de sua fala, outra promessa: promover empregos e distribuir casas populares à população com baixa renda.

A última candidata, Fátima Sousa, representando o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), classificou as propostas de seu partido como “mais que um plano de governo”. Com a ideia de investimento na educação e na cidadania, destacou a importância de formar cidadãos a partir da infância. No que diz respeito à segurança pública, Fátima mostrou-se favorável à cultura de paz, com redução da violência, principalmente contra as mulheres negras. Ainda, prometeu equipar a polícia e combater o feminicídio.

Perguntas entre os candidatos

Durante o período de perguntas entre os candidatos, Alexandre Guerra perguntou para Renan Rosa, que perguntou para Antônio Guillen, que, por sua vez, perguntou para Fatima Sousa, que encerrou o período perguntando para o candidato do Novo.

A primeira pergunta, feita por Guerra, foi sobre a intenção do candidato do PCO de implantar o comunismo, caso eleito. No tempo de resposta, Renan Rosa criticou o Novo e classificou o capitalismo como “sistema fracassado”. Por fim, defendeu o socialismo, desde que feito da maneira que julga correta. “Queremos construir o socialismo por meio da luta do povo”, concluiu o candidato.

Nos períodos de réplica e tréplica, Alexandre Guerra defendeu o liberalismo econômico enquanto Renan Rosa fez duras críticas à grandes empresas.

A segunda pergunta da manhã, feita por Renan e direcionada à Antônio Guillen, foi direta:

“Qual a diferença entre vocês e os governos golpistas?”. Em tom calmo, o candidato do PSTU disse que o partido foi contra o impeachment, mas que não defende o Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo ele, há um desgaste ao PT, visto que o partido não segue o que prega. Ao abordar esse ponto, citou que o PT, ao partilhar a Petrobras, privatizou-a, o que vai contra os princípios inicialmente adotados pelo Partido dos Trabalhadores. Por fim, afirmou que, em um cenário ideal, a melhor escolha frente à disputa entre PT e Temer seria a convocação imediata de novas eleições.

Na réplica, Renan Rosa falou que o discurso de corrupção é pretexto para depor contra os governos. Concluiu dizendo que o candidato do PSTU deveria defender Lula.

Concluindo essa etapa das perguntas, na tréplica, Antônio Guillen afirmou que a esquerda precisa de coragem e acusou o ex-presidente Lula e o atual presidenciável Fernando Haddad de serem capitalistas e corruptos.

A penúltima pergunta, feita por Guillen, foi também em confronto ao partido representado pela candidata. “Por que o PSOL recuou no projeto de pagamento da dívida pública?”, questionou.

Fátima mostrou-se desapontada com a indagação e desabafou que esperava uma pergunta referente ao Distrito Federal. Afirmou que o questionamento não é verdadeiro e acrescentou que uma das propostas de seu possível governo é a instalação de auditorias de todas as contas públicas.

Na réplica e na tréplica, os candidatos debateram sobre o plano de governo de Guilherme Boulos, candidato à Presidência pelo PSOL.

Encerrando o ciclo, Fátima Sousa perguntou se haveria espaço para a comunicação pública em um possível governo de Alexandre Guerra.

O candidato afirmou que sim e destacou que, para a sociedade participar dos projetos, é necessário que haja uma comunicação de qualidade.

Na réplica, a candidata do PSOL perguntou a opinião do candidato acerca da comunicação pública, mais especificamente das rádios comunitárias e TV estatal. Respondendo aos questionamentos, Alexandre afirmou que a comunicação deve ser usada em função do cidadão, mas que não apoia a comunicação comunitária e a televisão estatal. Segundo ele, esse tipo de comunicação gera mais prejuízo para o Estado do que retorno para o cidadão.

Perguntas do público

A primeira etapa das perguntas abordou três pontos principais: Estádio Nacional Mané Garrincha, racismo e saúde. Todos os candidatos, em um período de cinco minutos, responderam aos três questionamentos de uma só vez.

Alexandre Guerra, em seu turno, afirmou que pretende privatizar o Mané Garrincha, combater o preconceito, além da privatização e despolitização da saúde. “A gente deveria pensar menos no corporativismo e em ideologias, e pensar mais no paciente que está morrendo”, concluiu o candidato.

Fátima Sousa, que foi a segunda a responder às perguntas porque teria que se ausentar do debate, não citou o Mané Garrincha, mas prometeu o combate ao racismo, principalmente contra as mulheres, e a implementação do Sistema único de Saúde (SUS) no DF. O objetivo da candidata do PSOL é “transformar a cidade em um canteiro de saúde”.

Renan Rosa fugiu aos temas que deveriam ser discutidos. Em seu tempo, defendeu a estatização do ensino, o fim do vestibular e o consequente livre acesso à educação pública.

Antônio Guillen, fechando a primeira etapa das perguntas, também defendeu o combate ao racismo, ao feminicídio e à homofobia. Pregou ainda a reparação ao povo afrodescendente e apoio aos quilombos. Sobre o Mané Garrincha, o candidato afirmou que, caso eleito, não irá entrega-lo à inciativa privada e usará o local a serviço do povo.

A segunda rodada de perguntas tratou de outros três temas: problemas sociais, calote da dívida pública e privatização das universidades públicas.

Alexandre Guerra, novamente iniciando a rodada, falou que seu governo tratará de aspectos sociais e liberdade econômica, além de gerar empregos e apoiar o assistencialismo. Afirmou ainda que o calote gera dívidas, juros e problemas econômicos e, portanto, não apoia a ação.

Sobre a privatização do ensino público, argumentou que o assunto não cabe ao governo do Distrito Federal, mas lembrou que João Amoêdo, candidato à Presidência pelo Novo, defende essa medida.

O candidato do PCO defendeu que o ensino deve ser público e a educação, em geral, estatizada. Criticou a atuação dos banqueiros e afirmou que “tem que dar calote em banqueiro sim”. Por fim, defendeu novamente a estatização da economia.

Antônio Guillen, dando fim ao debate, também posicionou-se contra a privatização das universidades e a favor do ensino público gratuito.

Participações canceladas de última hora

Todos os candidatos ao Governo do Distrito Federal foram convidados para o debate, mas, em razão do falecimento do ex-governador Joaquim Roriz no início da manhã, os candidatos Rodrigo Rollemberg (PSB), Eliana Pedrosa (Pros) e Ibaneis (MDB) cancelaram presença de última hora.