Opinião
Ainda falta
Campus volta desenvolto, mas com partes adormecidas

O termo ombudsman tem origem sueca e significa "aquele que representa o cidadão". Na imprensa, a palavra é aplicada ao profissional cuja função é representar os eleitores de um jornal e fazer críticas à produção jornalística.

O ombudsman do Campus Online deste semestre é Victor Farias, que passou pelo jornal laboratório no 1º semestre de 2018. Leia abaixo sua primeira coluna:

O retorno do Campus é sempre uma boa expectativa. Equipe nova, novas ideias e novos desafios. A tarefa, apesar de excitante, não é simples – muito menos fácil. Informar com qualidade é um desafio, ainda mas quando se busca inovar.

Em pouco mais de três semanas, o Campus tem se mostrado ativo, mas alguns braços do jornal parecem estar adormecidos. A periodicidade de publicações está baixa. O leitor pede mais.

Nesta semana, por exemplo, tirando a cobertura das eleições – feita com o apoio de colaboradores externos –, o Instagram postou cinco matérias – os outros quatro posts eram divulgações de atividades do Campus. Duas dessas publicações foram sobre as eleições, com informações iguais às que outros jornais deram. Nada de novo. Já o Facebook publicou apenas três posts de conteúdo – um link do site, uma matéria muito interessante sobre o diploma da UnB e o Campus Café.

Sobre o Campus Café, uma consideração: não entendo o porquê desse vídeo ser feito ao vivo. Live é um recurso utilizado em situações urgentes, em que a mostrar na hora é mais importante do que qualquer outro aspecto da informação. No caso do Campus Café não há essa necessidade. A informação não vai mudar. O resultado poderia ser melhor.

O Twitter, por outro lado, está funcionando bem no sentido de trazer informações importantes para o leitor. A plataforma, no entanto, perde a oportunidade de informar, em algumas situações. No tweet em que se fala sobre o dia ter acordado frio, por exemplo, poderia se dizer a temperatura esperada para aquela manhã. Algo simples, mas efetivo. Comentários sem informação não fazem sentido em um perfil jornalístico.

Outro ponto a ressaltar é a linguagem utilizada no Twitter. Tenta-se utilizar termos jovens, mas o resultado não é bom. A sensação é de que tem um pai tentando usar gírias para falar com os amigos adolescentes do filho dele. A linguagem jovem é menos uma palavra e mais uma forma de falar. Além disso, falta adaptação de alguns textos jornalísticos para a plataforma. Nos tweets em que o assunto é o Empowering Mobility and Autonomy, por exemplo, a fala de um entrevistado ocupa três tweets na íntegra.

Outro lado

O site do Campus está funcionando muito bem nessas primeiras semanas. Ali, o resultado do esforço é claro. Para listar alguns pontos altos da plataforma, começo com o editorial “A nova missão da Semana Universitária” e a matéria “SemUni tem mais de 8 mil inscritos em 668 atividades”, que deram um lado crítico à cobertura da Semana Universitário. A matéria “Quase metade dos estudantes da UnB apresentam sintomas de depressão” também foi um ponto alto, por acrescentar informações atualizadas e inéditas sobre um problema relevante no meio universitário.

A matéria “Projeto de extensão da UnB atua no combate de câncer de mama de forma gratuita” é um exemplo da forma inteligente de se usar os recursos digitais. Além de um texto primoroso, a jornalista explorou recursos sonoros e gráficos. Um acerto. Assim como o texto “Interdição de parte da Rodoviária não afeta linha 110, que faz ligação com a UnB”, que, de modo inteligente, aproximou um problema estrutural da rodoviária com a UnB.

Outro ponto digno de nota é o Campuscast. O primeiro programa abordou um assunto importante: como os estudantes da UnB se informam sobre as eleições. O convidado, o cientista político Álvaro Pereira Filho, foi um achado. As entrevistadoras também se mostraram desenvoltas, tornando o programa agradável e informativo. Senti falta de outras opiniões, mas nada que prejudicasse a qualidade do produto.

No que diz respeito à inovação, o jornal acertou em cheio ao propor o uso do Whatsapp. Utilizar o aplicativo como meio de comunicação é inteligente e atual – de acordo com pesquisa do Datafolha, 61% dos eleitores de Jair Bolsonaro, líder nas intenções de votos para presidência, se informam pela plataforma.