Quem anda pelos corredores e estacionamentos da Universidade de Brasília, especialmente no campus Darcy Ribeiro, percebeu algumas mudanças em relação à segurança neste semestre. A primeira delas é possível notar logo que se chega: cadeiras elevadas foram instaladas nos estacionamentos para que os vigilantes da Life – empresa que fornece segurança privada para a UnB – possam ter uma visão completa do que ocorre nos locais. Corredores de segurança, a mudança das rondas e instalação de novas câmeras são as outras medidas que podem ser destacadas.
Todas essas modificações foram recomendadas pelo Comitê de Segurança instituído pela reitoria da universidade no final de 2017. As determinações seguiram os resultados de uma pesquisa encomendada pela UnB e elaborada pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF), que investiga a sensação de insegurança dos alunos, professores e funcionários. O levantamento, realizado em abril deste ano, apontou que quase 50% das pessoas se sentem extremamente inseguras dentro da universidade.
As medidas para solucionar o problema já estão dando resultados: os furtos de carros, assaltos e agressões diminuíram em relação aos anos anteriores. No primeiro semestre de 2017, foram registrados 74 furtos a carros, enquanto no primeiro semestre de 2018, foram 61. Apesar da redução não ter sido tão significativa no período, é preciso considerar o avanço – principalmente levando em conta que a maioria das novas medidas ainda não tinham sido implantadas. Os assaltos também passaram de três ocorrências no ano passado para nenhuma neste ano.
Segundo o prefeito da Universidade de Brasília, Valdeci Reis, a maior mudança aconteceu na logística, e não por aumento de recursos. “À exceção dos valores investidos para a compra e a instalação das câmeras, não houve aumento nos recursos para essa área. As estratégias de logística não podem ser divulgadas por questão de segurança, mas posso dizer que consideramos dados como o fato de que a maior quantidade de crimes, especialmente furtos a veículos e de celulares, acontecem durante o dia”, relatou Reis.
Os investimentos em câmeras de segurança citados pelo prefeito foram de R$ 1,6 milhão, valor retirado do orçamento da UnB. A instalação da sala de controle, com 12 monitores e as cadeiras elevadas, também foi viabilizada com recursos de investimentos da instituição. A Life, empresa terceirizada, doou à UnB os guarda-sóis que estão nas cadeiras. As forças de segurança da UnB são atualmente compostas por cerca de 100 vigilantes do quadro, 180 vigilantes terceirizados e 270 porteiros. Todas essas aquisições já estavam previstas no orçamento, portanto, não houve aumento dos recursos.
Os chamados corredores de segurança, implantados neste semestre, funcionam em cinco caminhos principais que levam da universidade à L2 norte. Os trajetos receberam melhorias na iluminação e a força de segurança, constituída por vigilantes, foi intensificada nos horários de início e término das aulas, pela manhã, tarde e noite.
Neste vídeo da Secretaria de Comunicação da UnB, é possível compreender melhor o que são os corredores de segurança:
As medidas, entretanto, estão quase inteiramente restritas ao campus Darcy Ribeiro. Os corredores de segurança e as cadeiras elevadas, por exemplo, não foram instalados nos outros campi. O prefeito Valdeci Reis justifica a não implantação desses recursos nos outros locais: “essas medidas foram implantadas apenas no Darcy Ribeiro porque ele é o único [campus] completamente aberto, o que cria uma margem maior para crimes”.
Layza Dutra e Maria Aparecida são duas vigilantes que ficam nas cadeiras elevadas do ICC Norte. Apesar do corte dos gastos no último ano, as duas já trabalham na UnB há cinco anos, das sete da manhã às 16h. Elas contam que a mudança foi benéfica, que nunca presenciaram nenhuma ocorrência esse semestre nos estacionamentos, mas que algumas mudanças ainda poderiam ser feitas para melhorar as condições de trabalho. “Uma coisa que faz falta é uma cabine, por exemplo, no lugar dessa cadeira”, relata Dutra.
Escute uma parte da entrevista com a segurança Layza Dutra:
A funcionária conta ainda que costuma fazer uma ronda a pé no estacionamento e percebe que sempre tem alguém que esquece a janela aberta. Ela já achou até uma chave. “Quando encontro esses pertences, eles ficam um tempo comigo porque a pessoa pode lembrar e me procurar, mas se não, eu tenho que fazer uma ocorrência e levar para a CoPP”, conta Layza Dutra.
A Coordenadoria Proteção ao Patrimônio (CoPP) está diretamente ligada à prefeitura, mas a é a parte que coordena e executa tarefas relativas à vigilância do Campus. Eles também estão ligados ao registro das ocorrências de desvios, furtos, roubos e invasões. E se precisar, o telefone da Central de Segurança é (61) 3107 6222 ou dos achados e perdidos (61) 3107-5855.
Por Isabela Castilho e Natália Fechine