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Conferência sobre abelhas alerta a sociedade para mudança de hábitos alimentares caso sejam extintas
Palestras e debates foram feitos na UnB e ressaltaram que mais de 70% da alimentação humana depende da ação desses insetos

O aviso foi dado durante uma conferência em comemoração ao Dia Mundial das Abelhas. Estudantes da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, professores e diplomatas debateram a importância das abelhas nesta terça-feira (21), no Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB).

A doutora Carmem Silvia Soares, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), comentou sobre as consequências caso as abelhas sejam extintas. “A primeira coisa é a mudança de hábito alimentar, porque muitos alimentos não existirão mais. Depois, o preço dos produtos alimentares deve aumentar”, disse Carmem.

O alerta tem como base a responsabilidade das abelhas nos produtos alimentícios. Além do mel, cerca de 75% da alimentação humana depende, de forma direta ou indireta, da polinização das abelhas, segundo dados da Organização Mundial das Nações (ONU).

As palestras e a mesa redonda reuniram cerca de 100 pessoas e levaram para discussão outros temas como o impacto financeiro e ações favoráveis aos agentes de polinização.

Impactos

Com mais de 3 mil espécies no Brasil, os serviços de polinização são estimados em R$ 43 bilhões somente em 2018 de acordo com a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES).

Jhowver Shiva Yuzuki, um dos ouvintes do evento e aluno do primeiro semestre de Agronomia da UnB, também falou sobre os ganhos que se pode ter no futuro ao proteger e manejar de forma correta as abelhas.

“As palestras me mostraram como eu posso ganhar mais dinheiro e gastando menos, porque os recursos naturais, como a polinização das abelhas, auxiliam a aumentar a produtividade de plantações. E só precisa deixar a natureza fazer a sua parte"

A estudante Letícia Rabelo ressaltou a visão do tema para o futuro. “Faltando ela (abelha) agora, se a gente não cuidar, no futuro o que a gente tem vai ser escasso”, afirmou a aluna do primeiro semestre de Agronomia.

O que é possível fazer

O Campus procurou a pesquisadora Carmem Silvia, que falou sobre algumas medidas para que pessoas foram do ramo da Agronomia também possam ajudar na preservação das abelhas. A primeira seria plantar flores, pois esses tipos de plantas estimulam a multiplicação dos insetos.

“O cidadão comum pode contribuir, por exemplo, plantando flores. Mas aí a pessoa fala: ‘eu moro em apartamento’. Mas pode plantar floreiras, por exemplo. Hoje, devido ao desmatamento, as abelhas estão migrando para as cidades”

Depois, a conscientização. Segundo a doutora, conhecer as abelhas e as vantagens que elas trazem é um passo importante na preservação e aceitação desses insetos. “Com certeza a gente precisa de uma grande campanha de conscientização. Quem são as abelhas, qual o papel delas, nem toda abelha ferroa. Então, acho que esse tipo de conscientização a gente precisa mesmo.”

Dia Mundial das Abelhas

A celebração do Dia Mundial das Abelhas foi uma iniciativa estimulada pela Eslovênia junto a Organização das Nações Unidas (ONU) em 2017. O país é um dos que mais tem apicultores no mundo e convive com o mel na própria cultura, como explica o embaixador esloveno no Brasil, Alain Brian Bergant.

“Na Eslovênia, utilizamos o mel em muitas receitas e também colocamos no chá, para substituir o açúcar”

A comemoração da data acontece no dia 20 de março e está no segundo ano consecutivo de celebração. Durante a conferência, o embaixador esloveno falou que a data foi escolhida pensando também nos insetos e seus produtos. “No hemisfério norte, está na primavera e as abelhas estão começando os trabalhos. No hemisfério sul, é o período que mais se registra coleta de mel na região.”