Universidade
A necessidade de escutar o sofrimento

Na tarde da última quarta-feira (25), a palestra “Violência e desigualdade impactando a UnB: composição de uma agenda de pesquisas” foi ministrada pela mestre em Educação pela Universidade Federal do Goiás (UFG) Larissa Leão. A palestra aconteceu no Bloco de Salas de Aula Sul (BSAS) da Universidade de Brasília (UnB).

O evento teve dois momentos distintos. O primeiro para exposição de agendas de pesquisa sobre o estudo da violência e suas consequências na vida escolar. Já o segundo momento permitiu uma discussão aberta entre os participantes. Ao decorrer de toda a palestra, a mestre em Educação defendeu que “o padrão de desigualdade é o ponto central para o estudo da violência”. Para ela, a desigualdade nos âmbitos econômico e de organização social são os responsáveis pela violência.

A palestra percorreu desde os primeiros conceitos de violência escolar até a adoção de um novo conceito, agora, o bullying. Larissa Leão afirmou que a mudança conceitual iniciou-se a partir da presença de “individualização, patologização e criminalização da infância e juventude”. Segundo ela, a violência entre alunos começa a ser observada como transtorno psicológico e o termo “mentes criminosas” surge para responsabilizar os atos dos jovens.

A pesquisadora criticou a participação de empresas no financiamento de projetos nas escolas, mas as atividades oferecidas não têm retorno financeiro. E isso entra na categoria de trabalho gratuito, que é crime, além de sobrecarregar os jovens mentalmente e fisicamente. A mestre em Educação defende que "devemos romper o tabu de conversar sobre a violência” para suscitar a reflexão do tema e gerar novas políticas públicas.

O grupo social que habita as periferias é o mais prejudicado pela violência, entre a população estão a classe trabalhadora, as crianças, os jovens e as mulheres, de acordo com o Mapa da Violência. “Pobreza não justifica criminalidade” afirma Leão, que também enxerga na sociedade uma opressão a tudo que vem dos cidadão mais pobres.

Por fim, o momento de debate possibilitou que os inscritos na palestra compartilhassem ideias de como combater a violência e exemplos relacionados a acontecimentos da vida pessoal. O estresse imposto pela pressão familiar, acadêmica e social na vida dos jovens foi algo em comum em todas as histórias.

Texto e imagem por Mariana Andrade, aluna da disciplina Apuração e Texto Jornalístico 1, sob supervisão e revisão do professor Solano Nascimento.