Opinião
Laboratório de ideias

Os termos ombudsman (masculino) e ombudskvinna (feminino) tem origem sueca e significa "aquele que representa o cidadão". Na imprensa, a palavra é aplicada ao profissional cuja função é representar os eleitores de um jornal e fazer críticas à produção jornalística.

A ombudskvinna do Campus Online deste semestre é Flávia Said, que foi editora do site no segundo semestre de 2018. Leia abaixo sua primeira coluna:

Depois de um hiato de cerca de três meses, o Campus Online voltou com a produção multimídia característica do jornal laboratório da UnB. Novas ideias e manutenção de experimentos jornalísticos bem-sucedidos deram o tom das primeiras produções deste semestre e mostraram por que continua sendo interessante acompanhar o Campus. Um vídeo bem produzido circulou no Facebook e no Instagram para mostrar os novos rostos da turma atual, mas fez falta introdução semelhante nas demais plataformas, que pularam essa apresentação preliminar.

Duas coberturas chamaram especial atenção: a do alagamento provocado pelas fortes chuvas na UnB e a dos cortes de verbas em universidades. A primeira teve como foco o Twitter, estratégia acertada, tendo em vista que essa é a rede mais dinâmica e instantânea. Textos informativos e fotos bem feitas geraram grande engajamento, o que certamente contribuiu para tornar o Campus ainda mais conhecido pelo público. Uma matéria no site compilou as informações mais importantes do episódio e fez um resgate da última chuva que trouxe estragos ao Campus Darcy Ribeiro, em 2011. Já a segunda pauta - referente ao corte de 30% no orçamento da UnB e de outras universidades públicas - foi bem trabalhada no Twitter e no site. Na acertada thread "6 momentos em que a UnB só fez balbúrdia", o personagem Campusito apresentou alguns momentos em que a produção acadêmica e o tripé universitário foram motivo de orgulho para toda a comunidade. Por sua vez, o site trouxe uma reportagem na qual é apontado um caminho de combate aos cortes na educação anunciados pelo ministro Abraham Weintraub.

Aqui abro um parêntese para dizer que o Campus pode contribuir para o debate nacional sobre ensino superior com ideias de especialistas e estudiosos da educação. É preciso trazer pluralidade e vozes dissonantes, e tomar cuidado para não focar apenas no que pensa e diz a militância universitária de esquerda. Os novos governos - federal e distrital - trouxeram diversas modificações no campo da educação que precisam ser dissecadas.

É interessante observar a identidade própria impressa pela turma, com novidades como o Campus Arte e o Campus Empreendedor, espaços de divulgação da arte e do trabalho dos estudantes da universidade. Há também manutenção de algumas iniciativas de semestres anteriores, como o Campus Memória, que traz um resgate dos conteúdos produzidos pelo Campus no passado. O caso da menina Ana Lídia mostra o quão importante é o resgate histórico, tanto para refletir sobre questões sociais, como para pensar no próprio desenvolvimento do jornalismo.

Com relação às plataformas, as mais alimentadas seguem sendo Facebook, Instragram e Twitter, mas é preciso não esquecer da importância das demais. O site vem sendo bem explorado, com ensaios fotográficos, fotos, mapas e matérias completas e de grande relevância social, das quais são destaque as matérias sobre o destino do lixo na UnB e o caminho que ele percorre. Uma consideração é o uso dos hiperlinks, que auxiliam na leitura dos textos e que fazem falta em algumas matérias.

Na condição de mais recente rede social utilizada pelo Campus, o WhatsApp ainda está em fase de experimentação. Merece reflexão o uso de emojis, que incomoda algumas pessoas e pode acabar por infantilizar os textos. Essa ombudskvinna acredita que não seja o caso de removê-los, mas de moderar seu uso. É importante divulgar o número e transformar o canal em via de mão dupla, para que o público possa fazer críticas e elogios à produção e apresentar sugestões de pauta. A turma tem buscado pautas de norte a sul do Campus Darcy Ribeiro, mas é importante também não esquecer dos demais campi da UnB, que possuem problemáticas próprias. Já o canal do Campus Online no Youtube, apesar de estar ativo há alguns semestres, continua bagunçado, com mais de uma conta e vídeos dispersos. Seria interessante unificar os conteúdos sob um único guarda-chuva.

Prestação de serviço e vocação audiovisual

É nítida a vocação de prestação de serviços que a turma possui. A divulgação dos restaurantes e lanchonetes que aceitam vale refeição foi uma boa sacada, tendo em vista que não havia um levantamento sobre isso até então. As postagens sobre dengue e as formas de prevenção também foram importantes para tratar de um problema recorrente na infraestrutura da universidade: a multiplicação do mosquito transmissor da doença. A matéria trouxe casos reais, uma iniciativa gestada por alunos da própria universidade para combate ao mosquito e um setor de prestação de serviço à comunidade acadêmica.

Outra vocação que a turma possui, mas que ainda precisa ser aperfeiçoada, é a de produção audiovisual. Ao manter o Campus Café - uma live no Facebook que antecipa os assuntos que serão abordados na semana -, e inovar com o Trabalhador UnB e outros vídeos pontuais, a turma mostra as possibilidades de explorar essa linguagem. No entanto, é importante verificar as condições acústicas nos locais de gravação de vídeos, pois alguns ficaram com ruídos.

Entre acertos e desacertos, parabéns à turma pelo jornalismo de excelência que vem produzindo!