Na última terça-feira (24/9), a XXI Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (SEVET-UnB) promoveu uma palestra sobre o cenário da pecuária brasileira. O professor Clayton Quirino Mendes, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (FAV/UnB), foi o palestrante do evento. Mestre em Agronomia e doutor em Ciências, o professor acredita que a intensificação da pecuária no Brasil é a solução para o aumento da produtividade, sem que ocorra mais desmatamento.
A pecuária foi responsável por R$ 597,22 bilhões do produto interno bruto (PIB) de 2018, de acordo com os dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC). Apesar disso, a produtividade ainda é baixa se comparada à eficiência dos Estados Unidos em produzir mais em um espaço menor. Para o professor da FAV, a intensificação deve ser feita no sentido de “maximizar o uso dos recursos” naturais e “tecnificar a produção”. Dessa forma, a produtividade tende a aumentar.
O palestrante defendeu o uso da tecnologia como forma de garantir menores impactos ambientais possíveis e criticou a falta de preocupação de alguns pecuaristas com o solo. Clayton Mendes também alertou quanto à degradação das pastagens, devido à prática da pecuária, e explicou como isso afeta, por exemplo, a produção de leite pelo gado leiteiro. “Nós temos um rebanho enorme, mas com uma produtividade baixa por vaca”, lamentou o professor.
As queimadas também foram abordadas pelo palestrante, que demonstrou preocupação com o ecossistema e com a retaliação de países importadores de carne brasileira devido aos desastres ambientais. O Brasil é o quinto maior emissor de gases do efeito estufa no mundo, e para o professor, o aquecimento global é um problema de grande interesse da pecuária, por causar impacto direto nessa área.
Segundo os dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), 143 países importam frangos do país. Para o palestrante, essa “é uma responsabilidade muito grande” pois “estamos falando de comida. Hong Kong é um dos grandes importadores dessa carne, mas ao invés de consumir agrega valor ao alimento para ser revendido. Com relação às preferências de cada país, Clayton Mendes comentou que “é muito desafiador”, mas “o brasileiro é muito flexível em termos de relações comerciais”.
Apesar de possuir o maior rebanho de bovinos no mundo, que supera em número os habitantes do país, o brasileiro consome mais carne de frango devido ao baixo custo. Outros temas como bem-estar animal, sanidade e o futuro da alimentação também foram apresentados.
Texto e imagem por Isabelle Nogueira, aluna da disciplina Apuração e Texto Jornalístico 1, sob supervisão e revisão do professor Solano Nascimento.